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Bosch em Portugal

PWIT AWARDS 2019

PWIT AWARDS 2019

Ana Trigo distinguida nos PWIT AWARDS 2019

A 26 de outubro, Ana Trigo e Sandra Costa, profissionais da engenharia, marcaram presença na segunda edição dos Portuguese Women in Tech Awards enquanto nomeadas nas categorias Networking and Systems Engineer e Developer. Ana Trigo acabou mesmo por vencer na sua categoria e pelo segundo ano consecutivo trazer um galardão para a Bosch em Braga.


"Desde pequena que tenho uma paixão enorme por tecnologia e recordo-me vivamente da visita que o meu pai me proporcionou, quando era pequena, ao seu local de trabalho na indústria automóvel. A paixão com que ele me mostrou o que um profissional de engenharia podia fazer, contagiou-me."
Ana Trigo

Que significado tem para ti este reconhecimento da Portuguese Women in Tech Awards?

Sempre que estas iniciativas existem, nomeio as mulheres de excelência cujo trabalho me é familiar. Desta vez fui eu a receber o destaque, o que me deixa muito feliz e grata. Saber que o esforço que coloco em tudo o que desenvolvo é reconhecido dá-me ainda mais energia para continuar. Desde pequena que tenho uma paixão enorme por tecnologia e recordo-me vivamente da visita que o meu pai me proporcionou, quando era pequena, ao seu local de trabalho na indústria automóvel. A paixão com que ele me mostrou o que um profissional de engenharia podia fazer, contagiou-me.


“Na altura do meu ingresso no ensino superior, alguns amigos perguntavam com insistência porque é que eu queria ir para engenharia eletrónica. Não me recordo de questionarem as escolhas reveladas para as áreas de saúde, mesmo as de empregabilidade baixa. ”
Ana Trigo
Pwit Awards

Porque é que falar de mulheres que trabalham em áreas tecnológicas e reconhecer o seu valor é relevante?

Eu venho de uma engenharia predominantemente masculina: engenharia eletrónica industrial e de computadores. Na altura do meu ingresso no ensino superior, alguns amigos perguntavam com insistência porque é que eu queria ir para engenharia eletrónica. Não me recordo de questionarem as escolhas reveladas para as áreas de saúde, mesmo as de empregabilidade baixa. Olhando para trás, eu podia ter condicionado a minha escolha pelo que os outros me diziam ser mais conveniente ou comum a seguir, por ser uma rapariga. Para mudar estas perceções é que considero importante reconhecer e fazer conhecer mulheres, em especial em áreas predominantemente masculinas. A literatura revela que mais de 65% das raparigas que escolhem engenharia como profissão, conhecem alguém (familiar ou amigo próximo) que trabalha em engenharia. A existência de personalidades femininas (role-models) é indicada como uma das soluções para atrair mais raparigas para estas áreas. O afastamento das mulheres de profissões tecnológicas e cargos de liderança advêm de muitos fatores que as vão condicionam ao longo do seu crescimento. Os pais procuram online "será o meu filho um génio?" duas vezes e meia mais do que "será minha filha um génio?". Enquanto sociedade, temos a obrigação de fazer melhor, para que a paridade de géneros seja atingida antes da previsão dos 108 anos de média a nível mundial e os 61 anos da Europa Ocidental ("The Global Gender Gap Report 2018", World Economic Forum). Estes prémios são importantes para as gerações mais novas terem exemplos de mulheres que trabalham em tecnologia e terem provas de como a tecnologia é e deve ser para todos.

Pwit Awards
"Nunca te deixes ser a pessoa mais inteligente da sala" (“never allow youself to be the smartest person in the room”) e este concretiza-se todos os dias no ambiente da Bosch.
Ana Trigo

Sentes que o facto de cada vez mais mulheres assumirem papeis de relevo é também um passo importante para uma era (digital), que se revela cada vez mais exigente?

Temos mulheres e homens de excelência em todas as áreas. Dotar as mulheres com competências transversais de liderança, gestão, comunicação, entre outras, faz com que aumentemos a competitividade. Concorrência leva a que os ambientes se tornem mais exigentes e isso fomenta a inovação. Eu sou a favor da meritocracia e sou a favor que todas as pessoas tenham acesso às mesmas condições, ou seja, sou a favor da igualdade de oportunidades. Para além disso, não incluir as mulheres é ignorar mais de metade da população mundial. A era digital não resolve, por si só, os problemas de ética e desigualdade. Acho que devemos ter presente quem utiliza os produtos e serviços que criamos e incluir nas equipas recursos humanos com diferentes pontos de vista e vivências. Existem inúmeros casos em que mais de metade da população foi ignorada. Durante décadas na indústria automóvel, os bonecos (dummies) utilizados para os testes de impacto (crash tests) restringiram-se às medidas antropométricas masculinas. Estes testes excluíam mulheres e crianças, cuja probabilidade de sofrerem mais ferimentos em acidentes foi superior. A falta de diversidade nas equipas transmite-se nos produtos e serviços. Inúmeras organizações começam a perceber os benefícios de ter equipas diversas e tem sido feito um esforço para atrair talentos femininos em tecnologia. As organizações começam também a compreender que dotar as mulheres com competências de liderança reflete-se em retorno económico e potencia a inovação e a agilidade, tão importante para dar resposta rápida às variações do mercado exigente que enfrentamos.

Em forma de conclusão, deixo a mensagem que com gestos tão simples como transmitir a paixão que temos por tecnologia, tal como o meu pai fez, pode ajudar a tornar Portugal mais competitivo e o mundo tecnológico mais diverso. Iniciativas como a "Engenheiras por um dia" e tantas outras em que participo exigem pouco de nós, e certamente colocam os jovens a pensar num futuro profissional que se calhar ainda não tinham considerado para si. Obrigada a todos por me confiarem o voto e me permitirem chegar às finais. Obrigada por me fazerem sentir “Like a Bosch”.