"Percebi que o JMP (Junior Managers Program) me poderia trazer imensas oportunidades de carreira."
Rui Cardoso é formado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pela FEUP. Desde o tempo da universidade que desenvolveu um gosto especial por tudo que diz respeito a desenvolvimento de tecnologia, mais especificamente de eletrónica e de software.
Ingressou na Bosch em 2012, trabalhando atualmente no Centro de Engenharia da Bosch Termotecnologia, em Aveiro.
Fala-nos um pouco de como começou o teu percurso profissional na Bosch.
Após a formação académica sempre procurei trabalhar em funções relacionadas à criação e desenvolvimento de produto. Sempre me fascinou poder criar e trazer para o mercado produtos que irão ter um impacto positivo na vida das pessoas. Isso fez com que, após uma experiência profissional em duas outras empresas tecnológicas, me candidatasse à Bosch através do programa JMP (Junior Managers Program) na vertente de I&D (Investigation & Development), algo que felizmente se concretizou e começou assim no início de 2012 a minha jornada nesta empresa. Nesse programa tive a oportunidade de trabalhar em 4 áreas diferentes e, como estava na carreira de I&D, escolhi percorrer uma parte do ciclo de vida dos produtos: produção, industrialização, desenvolvimento de produto e research tecnológico.
Comecei então a fazer o primeiro “stage” na área de engenharia de processo na Bosch Car Multimédia de Braga, onde pude conhecer o que significava a produção em massa, as possibilidades de otimização das linhas de produção e qual o impacto que o design de produto tem na fase de manufatura. Depois mudei-me para a área de produção de amostras e industrialização ainda em Braga. Nesta fase pude trabalhar no planeamento de amostras e conhecer de perto todos os passos envolvidos na preparação e transferência de um produto das equipas de desenvolvimento para as equipas de industrialização, e o seu impacto na preparação das linhas de produção. Após este primeiro ano, mudei-me para Estugarda na Alemanha, onde integrei a equipa de desenvolvimento de Eletrónica da área de Sistemas de Instrumentação, parte da divisão de Car Multimédia no centro de desenvolvimento de Leonberg. Aqui pude participar em projetos de desenvolvimento com muito contacto com o cliente BMW e, com isso, perceber como os requisitos dos clientes eram traduzidos para o produto e como depois eram planeados e executados os projetos de cliente. Por fim, mudei-me para a Corporate Research em Schwieberdingen, onde integrei a equipa de research avançado de Soluções de HMI e também uma equipa de investigação e análise de perceção humana a estímulos digitais em ambiente de condução. Era uma equipa muito interessante, constituída por Psicólogos e Engenheiros e, nesta fase, foi extremamente enriquecedor perceber como nascem as tecnologias e muitos dos conceitos usados posteriormente nos produtos de clientes.
O que te levou a candidatar ao programa JMP?
Essencialmente foi a estrutura do programa. A possibilidade de percorrer várias áreas diferentes em diferentes países foi algo que despertou o meu interesse. Aconteceu também numa altura em que tinha uma vontade crescente de ter uma experiência profissional fora de Portugal, e o facto da Bosch ter esta dimensão global foi uma combinação perfeita. Percebi que era um programa que me poderia trazer imensas oportunidades de carreira e, portanto, uma oportunidade única.
O que consideras ter sido particularmente desafiante durante o programa?
Foi o facto de ser eu o responsável por conduzir o meu percurso durante o programa. A empresa dá todo o apoio, mas cada “stage” (com exceção do primeiro) teve que ser preparado por mim. Tinha que explorar a organização, contactar os responsáveis pelas áreas que queria integrar, propor-me a uma entrevista e convencê-los a aceitarem-me no grupo. Isso foi muito interessante e desafiador, porque nos obrigava a explorar a organização de forma aberta e sem receios.
Para além do input profissional, qual foi o maior benefício do JMP para ti?
Além da parte profissional, o programa JMP promove eventos de formação e networking internacional com participantes de todo o mundo e isso é especialmente valioso porque conseguimos conhecer e criar relações com pessoas de diversas divisões da Bosch. Permitiu-me efetivamente perceber a verdadeira dimensão da empresa e curiosamente já me voltei a cruzar com alguns desses contactos (anos mais tarde) em ambiente profissional, o que teve um efeito facilitador em algumas negociações.
Após terminares o programa JMP, como decorreu o teu percurso?
Terminado o programa, após 2 anos, recebi o convite para prolongar a estadia na Alemanha e integrar novamente a equipa de desenvolvimento de eletrónica de sistemas de instrumentação multimédia, algo que aceitei sem hesitar e me fez prolongar a estadia na Alemanha por mais 1 ano. No final de 2014 voltei a Portugal (Braga) para abraçar a minha primeira função de liderança, onde assumi a posição de Group Leader de um grupo de Validação e Teste de Produto. Alguns meses depois, a Business-Unit (BU) de Sistemas de Instrumentação de Car Multimédia decidiu iniciar um grupo de desenvolvimento em Braga e, dado o meu background nessa BU, fui convidado a liderar a equipa de desenvolvimento de Eletrónica e a co-liderar o processo de ramp-up dessa BU em Braga. Um percurso que começou com uma equipa de aprox. 20 pessoas e evoluiu até mais de 120 pessoas em poucos anos. Foi uma viagem alucinante que me levou depois a liderar também o grupo de Gestão de Projetos e ainda a assumir a liderança local de todo o grupo de desenvolvimento em Braga.
Após este percurso de 6 anos, em 2021 mudei-me para uma divisão diferente. Decidi mudar-me para o Centro de Engenharia da divisão de Termotecnologia em Aveiro para liderar a área de desenvolvimento de aplicações móveis e ser responsável pelas Apps B2C da divisão. Durante esta fase liderei o processo de reestruturação desta área, do ponto de vista organizacional, de competências e de processos e pude também redefinir toda a estratégia de produto deste segmento. Foi uma oportunidade fantástica onde aprendi imenso sobre “consumer/user-centricity” e sobre a digitalização de negócios da Bosch.
Como é que o teu percurso contribuiu para o desenvolvimento das tuas skills?
A vertente que mais desenvolvi, foram as skills de liderança. A Bosch oferece imensas oportunidades de desenvolvimento de líderes para quem abraça uma carreira nesta área. Tive oportunidade de frequentar programas de desenvolvimento de talentos, onde aprendemos com especialistas nacionais e internacionais sobre comunicação, empatia, liderança, auto-reflexão, motivação, visão estratégica, entre outros. Tive também oportunidade de ter Mentoria de um Vice-Presidente de engenharia durante alguns anos, o que foi extremamente enriquecedor pois consegui “beber” da experiência de alguém com muitos anos de liderança de engenharia. E além de tudo isso, ainda tive o apoio da Bosch para frequentar uma exigente Pós-Graduação em Business Management na Porto Business School, o que me ajudou ainda mais a desenvolver skills de liderança de negócio.
De que forma os resultados do teu trabalho são soluções de “Tecnologia para a vida”?
Na verdade, todo o negócio da Bosch assenta nessa visão. É algo que se sente muito na empresa e eu valorizo muito, pois identifico-me intrinsecamente com isso e acho um princípio de existência muito nobre. Ao longo dos anos, nas minhas funções tive a oportunidade de melhorar a experiência de condução através de Soluções inovadoras para carros, motas e até de e-Bikes. Este em particular foi um projeto muito especial para mim pois desenvolvemos em Braga o Bosch Nyon BUI350, um dos mais avançados computadores de bordo para e-Bikes que oferece uma experiência de condução espetacular tanto para ambiente urbano, como para ambiente mais extremo em montanha. É um verdadeiro hino à vida!
Atualmente em Termotecnologia, sinto muito o impacto que o trabalho da minha equipa tem na vida das pessoas. Nós desenvolvemos aplicações móveis que tornam a gestão e monitorização do nosso Sistema de aquecimento ou climatização de casa muito fácil e cómodo, o que é particularmente importante numa fase onde os custos de energia são um problema sério na Europa. Além disso, as nossas Soluções concentram numa só App o controlo de vários equipamentos Bosch da nossa casa, como bombas de calor, caldeiras, ar condicionados, esquentadores, painéis solares ou carregadores de veículos elétricos. Com isso, vestimos verdadeiramente a camisola “Tecnologia para a vida”, principalmente para quem quer viver de forma inteligente.
Rui Cardoso
Engineering Manager na Bosch Termotecnologia
Sou o Rui Cardoso, tenho 37 anos, natural de Guimarães, pai de 2 filhos, e basicamente sou um “Techy” assumido.
Desde cedo me envolvi em grupos de robótica móvel, onde comecei a melhorar não só as capacidades técnicas de programação e de desenho de eletrónica, mas também o sentido crítico e pragmático necessário ao desenvolvimento de produto. Mais tarde, ainda me envolvi na criação de alguns projetos de desenvolvimento de eletrónica como freelancer. Essa “carreira” acabou por ser abandonada entretanto, mas mostrou-me o sentido de responsabilidade necessário para entregar resultados e satisfazer clientes.
O meu dia-a-dia não pode nunca ser vazio e monótono. Tenho uma adição por estar em contacto com as minhas equipas e estar envolvido e a realizar algo. Por isso, mesmo em casa, tenho sempre projetos pessoais em curso, seja de bricolagem, seja de criação de novos automatismos ou simplesmente a aprender algo novo. Além disso, gosto muito de ler, de passar tempo em família e com amigos, gosto de ver séries, gosto de BTT, gosto de correr e participar em corridas de longo curso, gosto de snowboard e gosto muito, mas muito de viajar.