Resultados financeiros Grupo Bosch: Bosch aposta nos seus pontos fortes enquanto líder tecnológico
Estratégia 2030: avançar com objetivos ambiciosos
- Ano fiscal de 2024: volume de negócios de 90,3 mil milhões de euros / margem EBIT operacional de 3,5% / cerca de 13 mil milhões de euros em investimentos antecipados.
- Perspetivas para 2025: mercados principais com pouco dinamismo / Objetivos: aumentar o volume de negócios e a margem EBIT, alcançar o nível de fluxo de caixa livre do ano anterior.
- Potenciar o progresso tecnológico e reforçar a capacidade de inovação: a Bosch disponibiliza 250 milhões de euros em novo capital de risco para startups.
- Stefan Hartung: “Com a nossa Estratégia 2030, estamos a definir objetivos ambiciosos que nos vão dar orientação em tempos de turbulência global.”
- Markus Forschner: “A Bosch está a garantir margem financeira ao agir precocemente em tempos de incerteza.”
Stuttgart e Renningen, Alemanha – O Grupo Bosch continua a implementar a sua ambiciosa Estratégia 2030 para reforçar a sua posição competitiva, apesar do contexto de mercado ter sido um travão significativo ao crescimento no ano passado: com 90,3 mil milhões de euros, o fornecedor de tecnologia e serviços registou em 2024 um volume de negócios 1,4% inferior ao do ano anterior, ou 0,5% inferior após ajustamentos cambiais. O EBIT (lucros antes de juros e impostos) operacional situou-se nos 3,1 mil milhões de euros (2023: 4,8 mil milhões de euros); a margem EBIT operacional foi de 3,5%. Durante a apresentação dos resultados anuais da empresa, Stefan Hartung, presidente do conselho de administração da Robert Bosch GmbH, afirmou: “No exercício de 2024, conseguimos melhorias importantes em termos de custos, estruturas e portefólio. Mantemos os nossos objetivos ambiciosos para continuar a crescer e reforçar a nossa independência financeira. A nossa Estratégia 2030 dá-nos a orientação de que necessitamos, especialmente em tempos de turbulência global, para nos tornarmos, no prazo máximo de cinco anos, um dos três principais fornecedores nos nossos mercados principais.”
A estratégia corporativa da Bosch reflete-se igualmente nas suas metas financeiras: com uma taxa de inflação normal entre os 2 e os 3 por cento, a Bosch pretende alcançar um crescimento anual médio entre os 6 e os 8 por cento até 2030. No primeiro trimestre de 2025, a Bosch conseguiu aumentar as vendas em 4 por cento em comparação com o mesmo período do ano anterior, tanto em euros como após ajustamento cambial. O Grupo Bosch continua a apontar para uma margem-alvo de 7 por cento em 2026. Hartung considera esta meta extremamente exigente, tendo em conta as perturbações globais e, sobretudo, a concorrência significativamente mais forte proveniente da Ásia: “Continuaremos a trabalhar intensivamente nos nossos custos e estruturas, concentrando-nos nas áreas de negócio mais rentáveis.”
A Bosch já anunciou ajustamentos estruturais e cortes de postos de trabalho em várias áreas, com o objetivo de reforçar a competitividade da empresa. A empresa está em contacto com os representantes dos trabalhadores e apela a uma rápida obtenção de acordo para iniciar o processo de implementação. “Só assim poderemos aproveitar as oportunidades num mercado dinâmico, incluindo aquelas que surgem de forma repentina. Já não nos podemos permitir a atrasos, pois isso enfraqueceria ainda mais a nossa posição competitiva.” De um modo geral, a Bosch prevê que o número de postos de trabalho continue a diminuir, especialmente na Alemanha e na Europa.
Impulso à inovação: investimento de 250 milhões de euros em startups
A Bosch está a apostar nos seus pontos fortes para sair com sucesso da atual transformação dos mercados e da tecnologia. “Enquanto líder tecnológico global, estamos totalmente comprometidos em utilizar com coragem as nossas forças, como o nosso elevado nível de inovação”, explicou Hartung. “Isto vai trazer-nos inúmeras oportunidades futuras, mesmo num ambiente adverso.”
Só no ano passado, a Bosch registou mais de 6.700 patentes, o que a coloca entre as 100 empresas mais inovadoras do mundo, segundo os analistas da Clarivate. A Bosch vê também a colaboração com startups como um estímulo essencial ao crescimento. Como um dos maiores investidores de capital de risco corporativo da Europa, o Grupo Bosch anunciou um novo fundo de capital de risco: a subsidiária Bosch Ventures vai disponibilizar cerca de 250 milhões de euros. “Por um lado, os investimentos em startups promovem o progresso tecnológico nos negócios e na sociedade; por outro, esta colaboração beneficia também as nossas divisões”, afirmou o presidente da Bosch, explicando o forte compromisso contínuo da empresa com o capital de risco. “As inovações são também motores importantes do crescimento económico de um país.”
Sustentabilidade: novos objetivos de CO₂ apesar da turbulência económica global
No plano político, a Bosch, tal como toda a indústria, está a assistir a um desmoronar da ordem mundial. “Estamos atualmente a viver grandes alterações no nosso ambiente de negócios, enquanto o comércio livre está sob enorme pressão na economia global”, afirmou Hartung. Face ao novo governo na Alemanha, Hartung sublinhou que o recurso a novos endividamentos não isenta ninguém da obrigação de poupar sempre que possível. “Os pacotes financeiros de milhares de milhões de euros devem ser investidos especificamente nas reformas previstas”, defendeu. O Grupo Bosch reafirmou a sua convicção de que, apesar de toda a turbulência global, a ação climática não pode sair do foco, anunciando novos objetivos para as emissões de categoria 3 (scope 3). Hartung explicou que o objetivo é reduzir ainda mais, até 2030, as emissões de carbono fora da esfera de influência direta da Bosch, como aquelas resultantes da utilização dos produtos. Independentemente das metas de crescimento, a Bosch pretende duplicar o seu objetivo de redução correspondente de CO₂, passando de 15 para 30 por cento até 2030, em comparação com 2018. “A mudança climática não vai desaparecer só porque a economia global está atualmente a lidar com outros desafios”, salientou Hartung. “A sustentabilidade continua a ser uma prioridade para a Bosch.”
Ano fiscal de 2025: oportunidades de crescimento apesar das incertezas
Face à evolução volátil do comércio global, a Bosch considera que as perspetivas para o ano em curso estão marcadas por incerteza. As consequências de tarifas adicionais e os possíveis efeitos económicos dos investimentos em infraestruturas na Europa e na Alemanha dificultam ainda mais qualquer avaliação. “A nossa estratégia de regionalização bem-sucedida continuará a ser expandida. A proximidade com os clientes é e continuará a ser importante para nós”, afirmou Markus Forschner, membro do conselho de administração e diretor financeiro da Robert Bosch GmbH. Apesar de um ambiente de negócios desafiante e de mercados principais fracos, a Bosch prevê para este ano um crescimento orgânico das receitas entre 1 e 3 por cento. A margem EBIT operacional deverá melhorar significativamente face a 2024, ainda que os resultados continuem a ser influenciados por investimentos antecipados elevados em tecnologias com relevância futura e por ajustamentos estruturais. Segundo Forschner, caso a aquisição planeada de partes dos negócios da Johnson Controls e da Hitachi se concretize até meados do ano, o volume total de vendas poderá crescer ainda mais, entre um a dois pontos percentuais em 2025. A consolidação total está prevista para o exercício de 2026. Para o ano em curso, a Bosch continua a prever um crescimento modesto da economia global, entre 2¼ e 2¾ por cento. “Precisamos de trabalhar ainda mais para manter os custos competitivos e vamos impulsionar a nossa estratégia de crescimento através de investimentos, inovações e aquisições”, acrescentou Forschner.
Mobilidade: inovações em software e hidrogénio
No setor de negócios da Mobilidade, a Bosch espera que os desenvolvimentos na eletromobilidade, no hidrogénio e nos veículos definidos por software sejam um importante motor de crescimento. “O futuro da mobilidade será determinado pelo software – e queremos continuar na linha da frente como parceiro dos fabricantes automóveis”, afirmou Hartung. Na feira Auto Shanghai, a Bosch apresentou recentemente uma vasta gama de inovações, incluindo um sistema modular de assistência à condução com três variantes – para os segmentos de entrada, médio e premium – e um computador de bordo com funções de inteligência artificial. No domínio da eletromobilidade, a Bosch iniciará este ano a produção de mais 50 projetos, principalmente na Europa e na China. “Uma tecnologia importante para o futuro é o motor a hidrogénio”, disse Hartung. “Este sistema de propulsão não emite CO₂ localmente e é especialmente adequado para camiões pesados fora de estrada, bem como para maquinaria de construção e agrícola de grande potência.” Na feira Hannover Messe, a Bosch estreou os stacks Hybrion, que constituem o núcleo das unidades de eletrólise para a produção de hidrogénio. A empresa prevê gerar milhares de milhões em vendas neste mercado até 2030.
Bens de Consumo: conectividade e baterias para maior conveniência
A Bosch espera que as novas exigências dos clientes proporcionem importantes oportunidades de crescimento para o seu setor de Bens de Consumo, mesmo num clima económico mais moderado. Nos eletrodomésticos, o foco está na expansão da gama de dispositivos sem fio. A gama para clientes comerciais, como eletricistas, inclui agora também ferramentas hidráulicas sem fio.
“A Bosch já aumentou consideravelmente o número de lançamentos de produtos em 2024”, afirmou Hartung. “Este ano, planeamos acelerar significativamente a expansão da nossa gama de ferramentas elétricas com cerca de 90 novos lançamentos de produtos.” Entre outras iniciativas, a Bosch está a adotar o novo padrão de conexão Matter para eletrodomésticos: este ano, a Bosch Hausgeräte vai lançar um frigorífico-congelador que é o primeiro eletrodoméstico compatível com Matter no mercado. Este dispositivo permite uma conectividade rápida, simples e segura entre fabricantes diferentes. “Para melhor servir a procura regional, estamos atualmente a colocar em funcionamento a nossa primeira fábrica de eletrodomésticos no continente africano”, afirmou Hartung. A Bosch pretende produzir até 350.000 fornos por ano para clientes na África e no Médio Oriente na nova fábrica no Egito.
Tecnologia Industrial: impulso ao software para a manufatura
No seu setor de Tecnologia Industrial, a Bosch espera que a captação de encomendas se estabilize e continua a perseguir o objetivo de alcançar um volume de negócios de cerca de mil milhões de euros apenas com software e serviços baseados em software até o início da próxima década. Um passo em direção a esse objetivo é uma gama abrangente de serviços digitais, como o Hydraulic Hub, que simplifica e acelera o serviço e a manutenção de produtos hidráulicos industriais, aumentando assim a disponibilidade das máquinas.
“Continuamos também o nosso impulso ao software na tecnologia industrial”, afirmou Hartung. “Os nossos clientes beneficiam do facto de vendermos de utilizador para utilizador e incorporarmos a nossa experiência da nossa própria produção.” Além disso, a automação das fábricas para áreas de crescimento, como a produção de baterias, semicondutores e bens de consumo, deve tornar-se um foco adicional no futuro. A Bosch Rexroth apresentou recentemente inúmeras inovações para a transição energética na Hannover Messe – por exemplo, para a eletrificação de aplicações industriais e móveis.
Energia e Tecnologia de Edifícios: expansão do negócio HVAC
No setor de Energia e Tecnologia de Edifícios, a Bosch espera que a aquisição planeada do negócio de aquecimento, ventilação e ar-condicionado (HVAC) da Johnson Controls e da Hitachi traga um crescimento significativo. “Queremos estar entre os líderes mundiais em tecnologia de aquecimento e climatização”, afirmou Hartung, referindo-se à aquisição, que deverá ser concluída até meio do ano. “Esperamos um forte crescimento com a aquisição, particularmente na América do Norte e na Índia.” O crescimento também será impulsionado por novos sistemas híbridos de bomba de calor (aquecimento tudo-em-um), que a Bosch apresentou pela primeira vez na feira ISH. Estes podem ser operados como caldeiras de condensação a gás ou a óleo independentes ou combinados com uma unidade exterior de bomba de calor. Podem até ser convertidos para funcionar apenas com eletricidade.
Na área de tecnologia de construção, o foco mais forte da Bosch no seu negócio de integração está a dar frutos, enquanto aquisições anteriores estão a reforçar o seu negócio de automação. Uma alavanca chave de crescimento em todas estas áreas é o uso de IA: por exemplo, a solução Wildfire Detection permite a deteção precoce de incêndios florestais. Os gases de fumo são detetados por sensores de gás, que utilizam algoritmos de IA para os reportar aos serviços de emergência e fornecer-lhes informações recolhidas por drones.
Ano fiscal de 2024: grandes investimentos no futuro, fluxo de caixa livre positivo
Para 2024, a Bosch gerou um fluxo de caixa livre positivo de 0,9 mil milhões de euros (2023: 2,2 mil milhões de euros), alcançando assim a sua meta de um por cento das receitas de vendas, apesar de um EBIT mais baixo. “A política financeira conservadora do Grupo Bosch garante flexibilidade financeira e permite-nos realizar grandes aquisições e investimentos consideráveis”, afirmou Forschner. Nos últimos cinco anos, o Grupo Bosch investiu um total de cerca de 57 mil milhões de euros em áreas de relevância futura, de forma a reforçar a sua liderança em inovação. Os gastos em pesquisa e desenvolvimento totalizaram 7,8 mil milhões de euros em 2024 (2023: 7,3 mil milhões de euros). A ratio de P&D manteve-se num nível elevado de 8,6 por cento (2023: 8,0%). O investimento de capital caiu ligeiramente em comparação com o ano anterior, situando-se em 5,1 mil milhões de euros (2023: 5,5 mil milhões de euros). A liquidez, conforme o estado consolidado de fluxos de caixa, foi de 8,2 mil milhões de euros (2023: 7,4 mil milhões de euros); a ratio de capital próprio de 44,3 por cento (2023: 44,2%) sublinha a robustez financeira da Bosch.
Ano fiscal de 2024: desempenho por setor de atividade
Todos os setores de atividade sentiram os efeitos da fraqueza nos seus mercados principais. No setor da Mobilidade, e face à queda global na produção de veículos, a receita de vendas foi de 55,8 mil milhões de euros, o que representa uma descida de 0,7 por cento em relação ao ano anterior — no entanto, ajustando os efeitos cambiais, verificou-se um crescimento de 0,2 por cento. A margem EBIT das operações foi de 3,8 por cento (2023: 4,4%).
O setor de Tecnologia Industrial atingiu vendas de 6,4 mil milhões de euros, o que representa uma diminuição de 13,0 por cento, ou de 12,5 por cento após ajustamento cambial. Este declínio mais acentuado do que o esperado nos setores da construção e maquinaria nos principais mercados da Europa, América do Norte e China teve um papel determinante. A margem EBIT foi de 1,2 por cento (2023: 9,1%). O setor de Bens de Consumo aumentou a sua receita de vendas em 1,6 por cento, para 20,3 mil milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de 2,9 por cento após ajustamento cambial. A margem EBIT foi de 3,5 por cento (2023: 4,5%). No setor de Energia e Tecnologia de Edifícios, a receita de vendas caiu 2,7 por cento face ao ano anterior, para 7,5 mil milhões de euros. Após ajustamento cambial, a descida foi de 2,6 por cento. A principal razão foi o colapso do mercado de aquecimento europeu. A margem EBIT foi de 4,9 por cento (2023: 9,0%).
Ano fiscal de 2024: desempenho por região
A Bosch sentiu mais intensamente a fraqueza dos seus mercados principais na Europa. Nesta região, a receita de vendas caiu 4,9 por cento (4,6% após ajustamento cambial), situando-se nos 44,5 mil milhões de euros. No entanto, a empresa registou crescimento nas restantes regiões do mundo: nas Américas, as vendas aumentaram 4,8 por cento (5,7% após ajustamento cambial), para 17,8 mil milhões de euros; e na região Ásia-Pacífico, o crescimento foi de 0,7 por cento (2,8% após ajustamento cambial), totalizando 28,0 mil milhões de euros.
Ano fiscal de 2024: evolução do número de colaboradores
No final de 2024, o Grupo Bosch empregava 417.859 pessoas em todo o mundo (2023: 429.416). O número total de colaboradores caiu 2,7 por cento, o que representa uma redução de 11.557 em relação ao ano anterior.