Pessoas comuns, focadas no desenvolvimento de tecnologia extraordinária.
O coração da condução autónoma conta com a supervisão da Sandra Costa, e ela conta como a mobilidade lhe conquistou o coração.
“Sabemos que estamos envolvidos na construção da mobilidade do futuro, e essa é a nossa maior motivação.”
Um futuro não programado e um presente dedicado à programação
Fazer parte da equipa portuguesa que se dedica ao desenvolvimento de soluções para a condução autónoma nunca foi uma ambição. O desafio surgiu por acaso, assim como a tecnologia surgiu na vida de Sandra Costa
Se alguém me perguntar se desde pequena queria trabalhar na área de programação e no desenvolvimento tecnológico, a minha resposta é não. Quando se é de uma geração anterior ao ‘boom’ tecnológico não existe uma ligação natural. A Internet das Coisas resumia-se a colocar coisas na internet e programar era um extra ao programa curricular.
“Vejo a Bosch com um selo de qualidade em tudo aquilo que faz.”
Colocar a tecnologia ao serviço do ser humano é aquilo que mais me motiva e essa foi uma das razões pelas quais escolhi a Bosch. O facto de a marca ser detida peça Fundação Robert Bosch, e sobretudo por se viver até hoje o espírito inventivo do nosso fundador, motiva-me todos os dias. Sei que mais do que focados na componente financeira, estamos focados em criar algo que é útil e que melhora a vida das pessoas.
“Liderar uma equipa de engenheiros é fácil quando se é razoável e assertivo. Estando entre bons profissionais e boas pessoas, isso é uma certeza.”
Estar aos comandos de equipas autónomas
A liberdade e autonomia são dois dos fatores que pesam no sucesso das várias equipas envolvidas nos projetos de condução autónoma, em Braga, e a diversidade é ao mesmo tempo uma mais-valia e um desafio. Contudo, o crescimento das equipas em Braga, assim como o investimento efetuado na melhoria das infraestruturas, como é o caso do novo Centro de Investigação & Tecnologia de Braga, são a prova de que o coração da condução autónoma está em Portugal e que as nossas equipas são, pelo sucesso do seu trabalho, merecedoras desta confiança.
“A IoT está presente até na forma como nos relacionamos na Bosch. As equipas multidisciplinares e interculturais estão todas conectadas. Quando há um problema, é um problema global e a solução encontra-se através da comunicação, tal como nos produtos que estamos a desenvolver.”
Engenheiros com magia na ponta dos dedos
Quando alguém da nossa equipa nos diz: “Querem ver magia a acontecer?”, temos a certeza de que estamos rodeados de pessoas especiais. Temos plena consciência de que trabalhamos, todos os dias, em projetos pioneiros na área da condução autónoma e que estamos a moldar o seu futuro. Estamos a trilhar um novo caminho e isso é um desafio enorme. Pensarmos e construirmos algo que não existe é sempre mais difícil, mas trabalhar no desconhecido tem também algo de mágico. Estamos a construir a consciência do veículo e a trabalhar a forma como o carro perceciona o ambiente que o rodeia, através de sensores interligados, que comunicam não só com a viatura, mas com tudo o que os que está à sua volta.
A ficção tão próxima da realidade
A segurança será a característica principal dos automóveis do futuro. Os novos sistemas eletrónicos dentro dos veículos, aliados à comunicação e partilha de informação entre os próprios automóveis, às pessoas e às infraestruturas vão permitir que se evitem mais mortes nas estradas. Para além da componente de segurança, vejo o carro como uma extensão da casa, um local confortável que podemos usar para momentos de lazer, mas também para rentabilizar o nosso tempo para trabalhar.
Perfil
Juntamente com os meus colegas de engenharia, responsáveis pelo desenvolvimento de aparelhos para a condução autónoma, criamos software para sensores de perceção e posição absoluta do carro no mundo. A solução é a combinação de várias equipas de uma grande variedade de domínios.
Concluiu o mestrado em Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores na Universidade do Minho. Depois do seu doutoramento especializado em robótica, como mediador de interação social para crianças com perturbações de espectro do autismo, juntou-se à Bosch em 2015 como SW Developer até hoje, onde lidera duas equipas de desenvolvimento de SW. Quando precisa de relaxar, gosta de ler um bom livro ou jogar futebol.
“Quando me candidatei a esta área, não senti que estava a ser diferente, mas quando cheguei à sala de aula e os meus colegas eram maioritariamente rapazes, senti que estava a fazer a diferença no mundo das mulheres engenheiras. Mais mulheres na engenharia é apenas uma questão de mentalidade.”
A exceção que se quer regra
A área da mobilidade nem sempre esteve presente na minha vida, mas ainda assim sempre fiz as minhas escolhas sem olhar a estereótipos. Em cinco anos, terminei o curso e a robótica surgiu na altura do mestrado, em que fiz uma dissertação relacionada com a robótica como um intermediário para crianças com perturbações do espectro de autismo. O doutoramento foi mais um salto e uma conquista. Aproveitei a oportunidade e nos quatro anos seguintes fui mais além com o meu trabalho em robótica social e explorei, de forma mais intensiva, o projeto que iniciei no mestrado.
Julgo que este exemplo deve servir para que sejamos cada vez mais uma regra. As mulheres na engenharia deveria ser uma realidade mais comum e julgo que estamos a conseguir esta mudança. Orgulho-me da minha participação ativa na Associação Guias de Portugal, onde desenvolvemos atividades e conteúdos educativos que são ensinados a raparigas de uma maneira informal, preparando-as para o mundo do trabalho e desmistificando estereótipos.